terça-feira, 24 de março de 2009

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Não gosto de futebol. Nutro pelo mundo do futebol um antigo, profundo e reforçado desprezo.
Mas levo com futebol a toda a hora. Principalmente com o que se joga fora do campo.
Esta história do árbitro-que-não-sei-o-quê que ocupa todos os espaços televisivos é um bálsamo - permite-me entender que a loucura é generalizada, mais funda, e que não se circunscreve ao pequeno mundo em que circulo. Isso deixa-me bastante aliviado. Coloca-me os meus problemas em contexto.

5 comentários:

  1. Mas cada vez mais me convenço que se não sabes falar de futebol neste país ficas em situações muito desconfortáveis. Porque depois é dificil criar aquele "laço" fútil do dia a dia: seja no elevador, no taxi, com os colegas de trabalho... Fica a restar-te só o tempo (metereologia), que tem muito menos potencial de conversa do que o futebol.

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  2. hum... não me parece. com as alterações climáticas que por aí andam, o tempo é um óptimo desbloqueador de conversa. por exemplo: "se amanhã ainda estiver primavera vamos almoçar às docas...", ou então "como passaste este fim-de-semana de inverno?". ou mesmo, "chefe, acha que o verão desta manhã se aguenta até à noite?"

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  3. Não estava a referir-me tanto à parte do desbloquear da conversa mas mais à manutenção da mesma durante um espaço temporal confortável.
    "chefe, acha que o verão desta manhã se aguenta até à noite?" "dizem que o mau tempo vai voltar para a semana" "pois, espero que não, o verão sabe sempre bem" "lá isso é uma verdade". E pronto, acabaste. Futebol, por outro lado, é uma conversa interminável. Mesmo sem perceberes nada de bola, se fores num taxi e disseres: "então viu-me aquele árbitro?" Independentemente de fazeres ou não a mínima ideia do jogo de que ele se vai lembrar, a conversa está lançada e basta-te um concordar monossílabo aqui e ali para teres conversa durante a viagem toda.
    Ainda assim, a racionalidade da importância social da coisa não é suficiente para me conseguir interessar pelo desporto.

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  4. Há uns anos, largos, trabalhava numa rádio, no turno que entrava às 6 da manhã. Todas as segundas, um colega insistia em debater futebol comigo. Eu, que nem sabia os jogos do fds, dava-lhe trela e ficávamos ali uns bons minutos... Acho que ele nunca percebeu verdadeiramente que eu não percebia nada daquilo. Mas havia colegas que se divertiam à brava com as nossas conversas de segunda de manhã...

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  5. João,

    O problema, acredita, são aqueles que percebem de bola.

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