segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Ela olhava e gritava, mas o encantador ainda lhe não ouvia os gritos: encontrava-se ensurdecido pelo seu próprio horror, ajoelhando, procurando embrulhar-se, arrebanhando os cordões, tentando deter aquilo, ocultar aquilo, cedendo ao seu espasmo oblíquo, tão absurdo como martelar em vez de música, absurdamente derramando cera líquida, demasiado tarde para deter aquilo ou ocultar aquilo.

Vladimir Nabokov, O Encantador

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